O tempo passa, composto por momentos bons e momentos maus. Na escala de felicidade, os últimos dias atingiram níveis altíssimos, provocando uma óbvia apreensão em relação aos vindouros.
Roma é uma cidade milenar duas vezes. Caminhar em Roma é presenciar a História a cada passo, é imaginar os pés que mudaram o curso da História a pisar as mesmas pedras que pisamos, é sentir o Homem a desafiar as leis universais, a tentar a perfeição e a olhá-la cada vez mais olhos nos olhos. É passear no Colosseo e pensar nos milhares de pessoas que aí perderam a vida na busca do entretenimento macabro do Império Romano. É percorrer a Basílica de São Pedro pensar no poder de uma das maiores organizações mundiais com a sua fundação meramente baseada em crenças. É olhar para a Fontana di Trevi e experimentar os sentimentos que o simples som da água a cair pode provocar.
Roma com oito amigos é partilhar uma experência memorável. É combinar o convívio com as pessoas que mais nos dizem com tudo o que foi descrito atrás. É sentir tudo o que Roma sugere e poder partilhá-lo com os ouvidos mais dispostos a ouvi-lo. É compatibilizar nove sensibilidades diferentes num ambiente distinto do habitual e sair com um sorriso. É estar duas dezenas de horas em viagem e rir à gargalhada em vez de manifestar o cansaço com compreensível má-disposição. É marcarmo-nos uns aos outros para sempre. É escrever uma página da história das nossas vidas para sempre.
Por mais que os nossos caminhos divirjam no futuro, estes dias passados em estreitíssima convivência vão seguir as nossas existências até aos últimos dias. Por mais viagens que façamos, por mais vezes que possamos ir a Roma, recordaremos sempre aqueles dias em que, pela primeira vez, viajámos para longe de casa com os nossos amigos da altura. Pelo menos eu sinto assim.
Quanto à apreensão no futuro depois de dias tão perfeitos, chamemos-lhe depressão pós-férias, chamemos-lhe o que quisermos, esta é compreensível, e eu, desde sempre que a senti. Racionalmente é claramente estúpida, mas os sentimentos terão alguma vez sido racionais? O fim de uma etapa implica certamente esta nostalgia do passado, e será isso que torna cada etapa distinta de todas as outras e nos permite recordá-las para sempre.
Começa uma altura de trabalho, por oposição aos dias despreocupadamente prazerosos que passámos. Que se ouça o tiro provocado pela explosão do Champagne e que este licor a jorrar nos copos da vida nos faça brindar a um futuro que promete ser preenchido de vitórias, derrotas, aprendizagens e tudo o mais, mas no final das contas, sempre positivo.
Obrigado por tudo, canalha!
de roma trago comigo as memórias junto ao peito. e são essas que vou recordar quando o chão desabar. percebo a inquietude do futuro sem sossego. mas como dizes, que se ouça o barulho dos copos por entre o chinfrim das merdas que compõem a vida :)
ResponderEliminarOh puto, mto bem escrito! A sério que gostei! :)
ResponderEliminarAbraço